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CPAP e BiPAP: o que são esses aparelhos e para que servem?

Clínica CDRA • dez. 15, 2022

Diversas doenças podem ser tratadas com esses aparelhos, como a apneia obstrutiva do sono, a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), doenças cardíacas e doenças neuromusculares. 


Apesar do seu uso estar cada vez mais popular, o entendimento do seu funcionamento ainda não é claro para a maioria das pessoas. Aqui neste texto você vai saber um pouco mais sobre essa terapia e como ela funciona.


O que significam essas siglas?


Tanto CPAP quanto BiPAP são siglas de termos em inglês, que significam “Continuous Positive Airway Pressure” (pressão positiva contínua em vias aéreas) e “Bilevel Positive Airway Pressure” (pressão positiva em dois níveis nas vias aéreas), respectivamente. 


Ambos são aparelhos que aumentam a pressão de ar no sistema respiratório, causando alterações positivas na passagem de ar que trazem alívio respiratório aos portadores de algumas doenças específicas.


Qual a diferença entre CPAP e BiPAP?


O CPAP produz uma pressão positiva contínua, independente da fase da respiração, ou seja, mantém níveis de pressão de ar acima do ambiente, independentemente da inspiração ou expiração. 


O BiPAP tem dois níveis de pressão, um maior, que acontece quando inspiramos, e um menor (mas ainda assim acima da pressão do ar ambiente) quando expiramos. Em geral o BiPAP é muito mais caro que o CPAP, algo em torno de 4 a 5 vezes o valor de um ótimo CPAP.


Como funcionam esses aparelhos?


Ambos insuflam ar no sistema respiratório até que sejam atingidos níveis pré-definidos de pressão de ar. Falando desta forma, parece um tanto abstrato, mas podemos fazer um paralelo com um pneu de carro. 


Imagine um pneu murcho, que você leva para calibrar. Se colocar uma pressão baixa, o pneu não se encherá e não será capaz de carregar o peso do carro. Ao colocar a pressão indicada pelo fabricante, o pneu se encherá e será capaz de carregar o peso do carro, ou seja, ele não se colabará (um sinônimo para murchado). 


Esse benefício, de aumentar as pressões nas vias aéreas, é usado de diversas formas no tratamento das doenças que acometem o sistema respiratório. A principal função do CPAP é manter as vias aéreas pérvias, enquanto que o BiPAP, além de mantê-las abertas, auxilia a musculatura inspiratória a encher de ar os pulmões.


E como essa mudança de pressão é capaz de mudar o tratamento de certas doenças?


Como disse antes, diversas doenças podem ser tratadas com aparelhos de pressão positiva. Quando se pensa em uso domiciliar, a maior indicação é a
Síndrome da Apneia-Hipopneia Obstrutiva do Sono, ou simplesmente Apneia do Sono. 


Essa doença caracteriza-se por obstrução ao fluxo de ar durante o sono, que acontece quando há uma flacidez na garganta, que culmina com seu fechamento (colabamento, como se “murchasse”). 


Ao se colocar um aparelho que fornece uma pressão positiva nas vias aéreas, é possível inflar essa “garganta murcha” e garantir a passagem de ar durante uma respiração normal. Para a apneia do sono, o tratamento mais indicado é o CPAP, porque a solução para este problema é simplesmente manter a garganta aberta. 


Quando se fala de DPOC, o fechamento das vias aéreas acontece em outra região do sistema respiratório, mais especificamente nos brônquios. Portadores de DPOC mais avançada têm os brônquios mais frágeis, com maior tendência de fechamento (ou seja, murchar), que acontece na expiração do ar, com isso causando um aprisionamento aéreo nos pulmões. 


Vamos pensar como funciona normalmente: para uma respiração adequada, precisamos de um ciclo respiratório completo, uma inspiração e uma expiração da mesma quantidade de ar. 


Agora imagine (inclusive, faça essa experiência), que você inspire uma grande quantidade de ar e expire uma pequena quantidade apenas. Haverá um momento que você não mais conseguirá respirar, simplesmente porque não há mais espaço para o ar entrar nos seus pulmões. 


Esse fenômeno acontece na DPOC grave, porque os brônquios fecham quando os portadores desta doença tentam expirar... Ao usar o CPAP, a pressão positiva mantém esses brônquios abertos durante a expiração,
facilitando a saída de ar desses pulmões hiperinsuflados e ajudando na respiração dos pacientes. Também podemos usar o BiPAP, pois é comum que esses pacientes tenham uma fadiga da musculatura respiratória e o aparelho dá um empurrãozinho para um melhor funcionamento desses músculos.


O mecanismo na doença cardíaca é um pouco diferente, pois os benefícios diferem de simplesmente manter a via aérea aberta. Pacientes portadores de insuficiência cardíaca não conseguem bombear adequadamente o sangue para o corpo, fazendo com que haja um acúmulo de líquido nos pulmões. 


O tratamento com pressão positiva, além de facilitar o adequado batimento cardíaco através de um complexo mecanismo fisiológico, reduz esse acúmulo de líquido nos pulmões, simplesmente por “empurrar” de volta esse excesso de líquido para dentro dos vasos sanguíneos. Nos casos onde há risco de fadiga da musculatura respiratória, o BiPAP é mais indicado.


Por fim, o último grupo que se beneficia do tratamento com esses aparelhos são aqueles pacientes com doenças neuromusculares, com uma fraqueza importante da musculatura respiratória, ou seja, não têm força para puxar o ar para dentro dos pulmões. Nesses casos, apenas o BiPAP está indicado, pois ajuda o paciente a respirar adequadamente.


Qual o aparelho é mais indicado no meu caso?


Se você é portador de alguma dessas doenças, o ideal é conversar com seu médico para avaliar se há necessidade de usar algum desses aparelhos, pois nem todo caso se beneficia desse tipo de tratamento. A maioria dos casos leves dessas doenças é tratada de outra forma. 


Em casos de alterações no sistema respiratório, busque sempre auxílio profissional!


Responsável Técnico:

Alexandre de Melo Kawassaki 

Doutor em Pneumologia pela USP

CRM-SP: 117.803


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