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Tudo sobre apneia do sono

Clínica CDRA • nov. 09, 2020

A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono – ou simplesmente apneia do sono – é uma doença crônica caracterizada por recorrentes e temporárias pausas respiratórias durante o sono.


Essa condição é uma das principais causas de um sono de má qualidade, que impossibilita o paciente de ter um descanso reparador e profundo. Como consequência, a pessoa começa a ter uma queda no bem-estar diário, com efeitos como sonolência excessiva e irritabilidade.


Além disso, a apneia do sono pode levar ao surgimento de doenças e problemas graves de saúde. Ainda assim, muitos pacientes não buscam um diagnóstico ou tratamento adequado, o que torna a apneia um sério desafio para a saúde pública.


Pensando nisso, preparamos este artigo para explicar melhor as características da apneia do sono e facilitar o reconhecimento da síndrome e, consequentemente, a busca por tratamento.



A seguir, você vai entender o que é a apneia do sono, seus sintomas, por que ela acontece, os impactos na vida do paciente e como funciona a profilaxia. Confira!

O que é apneia do sono?

A apneia do sono é uma doença na qual ocorrem obstruções nas vias aéreas do paciente durante o sono. Isso gera as chamadas apneias – que são pausas respiratórias de pelo menos 10 segundos, com total oclusão da passagem de ar – ou as hipopneias – nas quais a oclusão é parcial, com cerca de 30% a 50% da passagem de ar.


Essas pausas respiratórias são recorrentes, podendo acontecer dezenas ou até mesmo centenas de vezes durante uma só noite de sono. E, a cada apneia, o paciente é forçado a despertar para conseguir respirar. Esse ciclo constante gera um sono de má qualidade e não permite que a pessoa tenha um sono profundo e reparador.


A apneia pode ter diferentes graus, cuja classificação leva em conta o IAH (Índice de Apneia-Hipopneia), isto é, a quantidade total de apneias e hipopneias por hora de sono. Assim, há quatro níveis de classificação:

  • Grau leve: de 5 a 15 ocorrências por hora;
  • Grau normal: até 5 ocorrências por hora;
  • Grau moderado: de 15 a 30 ocorrências por hora;
  • Grau grave: mais de 30 ocorrências por hora.



Vale mencionar que, para avaliar o grau de apneia do sono, o paciente deve realizar um exame chamado polissonografia, que é realizado durante uma noite inteira, sob supervisão de um profissional habilitado.

Quais são os principais sintomas?

A obstrução das vias áreas dificulta a respiração, causando uma vibração da garganta durante a passagem do ar. É por isso que a pessoa com apneia do sono tem como principal sintoma o ronco. E, nesses pacientes, a situação é bastante peculiar.


O ronco é alto, persistente e cíclico. Por vezes, durante a noite, a pessoa para de roncar, mas depois de um tempo retorna com um barulho ainda mais alto, podendo ocorrer até mesmo tosse ou engasgo.


Vale lembrar que apenas o ronco não é suficiente para o diagnóstico de apneia! É verdade que toda pessoa com apneia ronca, mas o processo inverso nem sempre ocorre. Ou seja, nem toda pessoa que ronca tem apneia.



Veja outros sintomas muito associados à apneia do sono:

  • Sonolência diurna excessiva, devido às inúmeras interrupções do sono;
  • Sensação de sufocamento ou estado ofegante ao acordar;
  • Dor ou desconforto no peito ao acordar;
  • Dor de cabeça matinal, em decorrência da queda da oxigenação do cérebro;
  • Boca seca ou dor de garganta pela manhã;
  • Alterações emocionais , como mau humor e irritabilidade, devido às noites mal dormidas e ao desequilíbrio hormonal;
  • Dificuldade de concentração, redução da memória e problemas de atenção e raciocínio;
  • Impotência sexual.


Aqui, é importante mencionar que nem sempre o paciente com apneia do sono consegue identificar esses sintomas. Às vezes, ele nem percebe que ronca ou não associa os sinais ao distúrbio.


É por isso que, em muitos casos, o problema é relatado pelo(a) companheiro(a), e não propriamente pelo paciente. Inclusive, uma das grandes  consequências da apneia do sono é o forte impacto na qualidade de vida dos parceiros(as). Isso pode até mesmo afetar os relacionamentos.

Por que a apneia do sono acontece?

Você já sabe o que é e quais são os sintomas da apneia do sono. Mas, afinal, por que ela acontece? O fato é que a apneia pode ocorrer por vários fatores, geralmente ligados à anatomia do corpo.


O que acontece é que a nossa garganta é estreita e, ao dormir, há um relaxamento da musculatura, propiciando a queda da língua e o deslocamento da mandíbula. Toda essa configuração cria uma obstrução na garganta, atrapalhando a passagem do ar.



Além do relaxamento anormal da língua e da garganta, outros fatores que também podem causar a apneia do sono são:

  • Amídalas e adenoides muito grandes;
  • Excesso de tecido mole na garganta, principalmente em pessoas acima do peso;
  • Determinado formato da cabeça e do pescoço, de modo que gera menos espaço para a passagem de ar pela boca e garganta.

Tenho apneia do sono. Devo me preocupar?

Se você suspeita que tem apneia do sono, ou até mesmo já recebeu o diagnóstico, é importante ter conhecimento das consequências desse distúrbio.

Como já vimos anteriormente, um dos principais impactos está relacionado à queda da qualidade de vida do paciente. Isso porque uma noite bem dormida é fundamental para que a pessoa possa repor as energias e manter seu bem-estar.


Mas, com a apneia do sono, o paciente precisa despertar inúmeras vezes durante a noite para voltar a respirar, na maioria das vezes isso acontece de forma inconsciente,. Tão logo volta a dormir, suas vias aéreas são obstruídas e as pausas respiratórias voltam a se repetir.


Dessa forma, fica impossível dormir bem - e é por isso que a pessoa com apneia apresenta sonolência diurna, falta de concentração e demais sintomas que prejudicam o seu dia a dia.


Inclusive, acidentes de trabalho e trânsito são comuns em pessoas com distúrbio do sono. Afinal, a falta de um sono de qualidade deixa o paciente muito cansado, aumentando sua desatenção e até mesmo fazendo-o ter cochilos involuntários ao longo do dia.


Além disso, quando não tratada, a apneia do sono pode propiciar o surgimento de graves problemas de saúde. Os mais comuns são os efeitos sobre o coração.


Isso porque, durante a pausa respiratória, ocorre queda de oxigenação do sangue e aumento do batimento cardíaco e da pressão arterial. Ao despertar, os níveis voltam ao normal.



É como se o paciente estivesse em um trabalho intenso durante o sono, em vez de o corpo estar simplesmente descansando. Esse ciclo recorrente de queda e retomada do oxigênio no sangue é um forte potencial desencadeador de doenças cardiovasculares, como:

  • Aterosclerose;
  • Crescimento do coração;
  • Insuficiência e arritmia cardíacas;
  • Hipertensão arterial;
  • Infarto agudo do miocárdio;
  • Derrame cerebral.


Além disso, as recorrentes noites mal dormidas geram um desequilíbrio hormonal no paciente, levando-o ao risco de desenvolver doenças como:

  • Obesidade, pois a produção de leptina (hormônio do controle de apetite) cai, enquanto o de grelina (hormônio estimulador da fome) aumenta;
  • Diabetes do tipo 2, pois a taxa de cortisol (hormônio que controla o nível de açúcar no sangue) aumenta, prejudicando a ação da insulina e elevando os níveis de glicemia.

Como funciona o tratamento para apneia?

Para tratar a apneia do sono, o médico indicará o procedimento mais adequado, levando em conta vários fatores, como o IAH encontrado na polissonografia, o grau de queda da oxigenação do sangue e se o paciente tem outras doenças, como as cardiovasculares.


Em casos mais graves, a terapia do sono com pressão positiva – conhecida como CPAP – é uma das opções de tratamento mais recomendadas. Trata-se de um aparelho que fornece fluxo de ar positivo constante para o paciente, evitando a obstrução das vias respiratórias.


Dessa forma, é possível eliminar as ocorrências de apneias e hipopneias e o paciente consegue ter uma noite de sono bem dormida, sem interrupções ou desconfortos.


Além disso, existem algumas boas práticas que podem contribuir para a melhora do quadro. Veja o que você pode fazer:

  • Evite o consumo de bebidas alcoólicas;
  • Evite a ingestão de comidas pesadas antes de deitar;
  • Evite fumar pelo menos 4 horas antes de dormir;
  • Faça tratamentos para perder peso;
  • Durma de lado e evite a posição de barriga para cima;
  • Durma com a cabeceira elevada.


Como você pôde ver, a apneia do sono é um distúrbio grave e que pode levar ao desenvolvimento de problemas potencialmente letais. Por isso, não negligencie os sintomas e nem mesmo o ronco – que às vezes pode parecer inofensivo, mas na verdade prejudica o seu bem-estar.


Com o tratamento, você não só melhora sua qualidade de vida e a do(a) companheiro(a), como também evita o surgimento de doenças mais graves. Portanto, não deixe de buscar a ajuda de um profissional para o diagnóstico e tratamento corretos.

Para obter mais informações sobre doenças respiratórias, acesse nossa Central Educativa!

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