Doença Pulmonar Intersticial Associada à Artrite Reumatoide – Diagnóstico, Sintomas e Tratamento
A artrite reumatoide é uma doença comum que afeta as articulações, mas também pode atingir os pulmões, causando a chamada doença pulmonar intersticial (DPI). Cerca de 10% a 30% das pessoas com artrite reumatoide podem desenvolver algum problema pulmonar, mas apenas 5% a 10% desses casos terão significância clínica, exigindo atenção e tratamento específico. O risco de complicações pulmonares é maior em quem fuma, tem idade avançada, apresenta atividade intensa da doença, é do sexo masculino, tem títulos elevados de fator reumatoide e anti-CCP, ou possui índice de massa corporal elevado. Os principais sinais de alerta são falta de ar, tosse persistente e cansaço. O diagnóstico é feito com exames como tomografia do tórax e testes de função pulmonar, além de testes de dessaturação. O tratamento depende do tipo e gravidade da doença, podendo incluir medicamentos para controlar a inflamação, imunossupressores e, em casos específicos, antifibróticos, com escolhas específicas baseadas no padrão da doença pulmonar. O acompanhamento regular com o médico é fundamental para ajustar o tratamento e prevenir complicações. Parar de fumar e evitar exposições a poluentes são medidas importantes para proteger os pulmões.
O que você precisa saber
- Fique atento a sintomas como falta de ar, tosse persistente e cansaço, especialmente se você tem artrite reumatoide.
- Informe seu médico sobre qualquer sintoma respiratório novo ou diferente.
- O tratamento é individualizado e pode envolver diferentes medicamentos; siga sempre as orientações da equipe de saúde, que considerará o padrão da sua doença pulmonar.
- Parar de fumar e evitar poluentes ajudam a proteger seus pulmões.
Doença pulmonar intersticial associada à artrite reumatoide: entenda o que é e como cuidar
A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune que atinge principalmente as articulações, mas pode afetar outros órgãos, como os pulmões. Quando isso acontece, chamamos de doença pulmonar intersticial (DPI) associada à artrite reumatoide. Embora nem todos os pacientes com AR desenvolvam problemas pulmonares, é importante conhecer os sinais, fatores de risco e opções de tratamento.
Prevalência e importância
A AR é relativamente comum, afetando entre 0,5% e 1% da população. Desses, cerca de 10% a 30% podem apresentar algum tipo de doença pulmonar, mas apenas 5% a 10% desses casos terão significância clínica, exigindo tratamento específico. A incidência de DPI clinicamente significativa em pacientes com AR é de aproximadamente 4 a cada mil casos. A presença de DPI pode aumentar o risco de complicações e mortalidade, sendo 2 a 10 vezes maior do que em pacientes com AR sem DPI, especialmente em pessoas com outros fatores de risco, como tabagismo. O prognóstico da DPI associada à AR é claramente pior em comparação com pacientes sem envolvimento pulmonar.
Sinais de alerta
Os principais sintomas que podem indicar o envolvimento dos pulmões são:
- Falta de ar ao fazer esforços ou mesmo em repouso
- Tosse seca e persistente
- Cansaço fora do habitual
Se você tem artrite reumatoide e percebe algum desses sintomas, converse com seu médico. O diagnóstico precoce faz diferença no controle da doença.
Fatores de risco
Alguns fatores aumentam a chance de desenvolver DPI associada à AR:
- Tabagismo (fumar ou ter fumado)
- Idade mais avançada
- Atividade intensa da artrite reumatoide
- Sexo masculino
- Títulos elevados de fator reumatoide e anti-CCP
- Índice de massa corporal elevado
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio de exames como:
- Tomografia computadorizada do tórax
- Testes de função pulmonar, que avaliam a capacidade respiratória.
- Teste de dessaturação (como o teste do degrau), que pode ser realizado em cada consulta.
- Exames laboratoriais para avaliar a atividade da doença.
O rastreamento é recomendado. Embora um artigo de 2025 sugira rastreamento para todos os pacientes com doenças do tecido conjuntivo, baseada em sintomas e fatores de risco.
Tratamento
O tratamento é individualizado e depende do tipo e gravidade da doença pulmonar, bem como da presença de atividade articular. A primeira medida é evitar agressões pulmonares, como tabagismo, refluxo, poluentes e outras exposições.
As opções de tratamento incluem:
- Corticosteroides
- Imunossupressores clássicos
- Metotrexato
- Medicamentos biológicos
- Antifibróticos
Acompanhamento
O acompanhamento regular é fundamental. O médico pode solicitar exames periódicos, como tomografia e testes de função pulmonar, para monitorar a evolução da doença e ajustar o tratamento.
Novas perspectivas
A medicina de precisão, que leva em conta características individuais como exames laboratoriais e até o tamanho dos telômeros (estruturas dos cromossomos), está ajudando a definir melhor o tratamento para cada paciente.
Dicas para o dia a dia
- Não ignore sintomas respiratórios, mesmo que leves.
- Mantenha o acompanhamento regular com reumatologista e pneumologista.
- Siga corretamente as orientações sobre uso de medicamentos.
- Adote hábitos saudáveis: não fume, pratique atividade física conforme orientação e evite exposição a poluentes.
Perguntas para levar ao médico
- Preciso fazer exames para avaliar meus pulmões?
- Como posso saber se meus sintomas estão relacionados à artrite reumatoide ou à doença pulmonar?
- Qual o melhor tratamento para o meu caso?
- Existem medidas que posso adotar para proteger meus pulmões?
Conclusão
A doença pulmonar intersticial associada à artrite reumatoide é uma condição que merece atenção, mas pode ser controlada com diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento regular. O trabalho conjunto entre paciente e equipe de saúde é fundamental para garantir qualidade de vida e prevenir complicações.
Se tiver dúvidas ou sintomas, procure seu médico. Cuidar dos pulmões é parte importante do tratamento da artrite reumatoide.
Doutor em Pneumologia pela USP
Coordenador da Pós-Graduação em Pneumologia do Hospital Israelita Albert Einstein