O impacto do inverno nas infecções respiratórias
O inverno exerce um papel significativo no aumento da incidência de infecções respiratórias, sendo um período marcado pela elevação dos casos de doenças como gripe, resfriado comum, bronquite, pneumonia e infecções por vírus respiratórios sazonais, como o vírus sincicial respiratório (VSR) e o rinovírus. Vários fatores ambientais, comportamentais e fisiológicos contribuem para esse cenário, tornando os meses frios um desafio para a saúde pública.
Durante o inverno, as temperaturas mais baixas induzem uma série de mudanças no comportamento humano. As pessoas tendem a permanecer mais tempo em ambientes fechados e pouco ventilados, o que facilita a transmissão de patógenos respiratórios por gotículas e aerossóis. Além disso, a circulação do ar em locais fechados geralmente é limitada, favorecendo a concentração de vírus no ambiente.
Do ponto de vista fisiológico, o ar frio e seco pode comprometer a defesa natural do trato respiratório. As baixas temperaturas reduzem a eficiência dos cílios presentes nas vias aéreas, estruturas responsáveis por expulsar partículas e micro-organismos. O ar seco também resseca as mucosas nasais, tornando-as mais suscetíveis à invasão viral. Estudos indicam que alguns vírus, como o influenza, demonstram maior estabilidade e transmissibilidade em climas frios e secos, explicando sua maior circulação no inverno.
A sazonalidade das infecções respiratórias tem impacto direto sobre o sistema de saúde. Durante os meses frios, os atendimentos em prontos-socorros e internações hospitalares aumentam significativamente, especialmente entre populações vulneráveis como crianças, idosos e portadores de doenças crônicas. O VSR, por exemplo, é uma das principais causas de internação por infecção respiratória em crianças menores de dois anos.
A prevenção dessas infecções passa por estratégias como vacinação anual contra a gripe, etiqueta respiratória, higienização das mãos e manutenção da ventilação adequada dos ambientes. A conscientização da população sobre essas medidas é essencial para mitigar os efeitos do inverno sobre a saúde respiratória coletiva.
Em suma, o inverno representa um período crítico para o aumento das infecções respiratórias devido à combinação de fatores ambientais e comportamentais que favorecem a transmissão de vírus. Políticas públicas de prevenção e campanhas de saúde são fundamentais para reduzir os impactos sazonais e proteger os grupos mais vulneráveis.
Referências:
- Brasil. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico da Gripe e VSR – 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/
- Moriyama, M., Hugentobler, W. J., & Iwasaki, A. (2020). Seasonality of Respiratory Viral Infections. Annual Review of Virology, 7(1), 83–101.
- Kudo, E. et al. (2019). Low ambient humidity impairs barrier function and innate resistance against influenza infection. Proceedings of the National Academy of Sciences, 116(22), 10905–10910.
- Lowen, A. C. et al. (2007). Influenza virus transmission is dependent on relative humidity and temperature. PLoS Pathogens, 3(10), e151.
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