Conheça os tipos de nebulizadores e suas indicações
A terapia nebulizada é uma das abordagens mais antigas para o manejo de doenças do trato respiratório. Atualmente, é bem reconhecido que, o meio mais eficaz e seguro para tratar os distúrbios respiratórios, é através da administração direta dos medicamentos através das vias aéreas.
A entrega de medicamentos por meio de aerossóis é comum no tratamento de uma variedade de doenças pulmonares, incluindo, mas não se limitando a:
- Asma;
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
- Bronquiolites;
- Bronquiectasias;
- Fibrose cística.
No texto abaixo, entenda como funciona a terapia nebulizada, suas indicações e diferenças entre os diferentes tipos de nebulizadores.
Dentre algumas vantagens da terapia nebulizada podemos destacar:
- Entrega local da droga ao trato respiratório, reduzindo as doses necessárias e os efeitos colaterais, principalmente em comparação a outras vias de administração como a oral e parenteral;
- Fácil usabilidade em comparação a outras terapias nebulizadas, sem necessidade de coordenação do movimento respiratório para entrega do medicamento;
- Possibilidade de associação de mais de um medicamento durante a nebulização.
O que é Nebulização?
A nebulização consiste no processo de dispersão de uma formulação aquosa contendo fármaco em gotículas de aerossol, seu principal intuito é atingir diferentes níveis do sistema respiratório.
Normalmente, este processo envolve um dos três métodos de geração de aerossóis que distinguem os tipos de nebulizadores:
- Jato de ar (ou jato compressor);
- Ultrassônico;
- Malha vibratória (ou rede vibratória).
Nebulizadores à jato de ar
São os mais utilizados na prática clínica. Combinam características importantes e comprova eficácia na entrega de medicamentos a um custo mais baixo.
Entretanto, os nebulizadores a jato costumam apresentar tempos mais longos para dispensação da solução nebulizada. Estes nebulizadores geram partículas de aerossol como resultado do impacto entre um líquido e um jato de gás de alta velocidade (geralmente ar ou oxigênio) na câmara do aparelho.
Um fluxo de 6–8 L/min e um volume de enchimento de 3–5mL são recomendados, porém, alguns aparelhos permitem nebulizações de menores volumes.
Nebulizadores ultrassônicos
Estes nebulizadores utilizam um cristal vibratório capaz de gerar ondas de alta frequência produzindo partículas de aerossol a partir de uma solução.
As vibrações ultrassônicas do cristal são transmitidas para a superfície da solução do medicamento, onde ondas são formadas e libertam gotículas, que serão liberadas na forma de aerossol.
O tamanho de gotículas produzidas pelo nebulizador ultrassônico está relacionado à frequência do aparelho. Embora os nebulizadores ultrassônicos operem silenciosamente e nebulizem mais rapidamente quando comparado aos nebulizadores a jato, eles não são adequados para nebulização de suspensões sensíveis a temperaturas mais elevadas.
A geração de ondas ultrassônicas de alta frequência está associada à produção de calor que, consequentemente, pode afetar a eficácia clínica de alguns medicamentos.
Por este motivo, alguns fármacos como corticoide e antibióticos inalatórios, não devem ser nebulizados através de aparelhos ultrassônicos.
Nebulizadores de malha vibratória
São nebulizadores com tecnologia mais recente que superam algumas das desvantagens dos métodos anteriores. São silenciosos, rápidos, capazes de nebulizar todos os tipos de medicamentos mantendo suas estabilidades moleculares e geralmente portáteis. Esses nebulizadores podem apresentar sistemas ativos ou passivos.
Em dispositivos ativos, a placa de abertura vibra em uma alta frequência, atraindo a solução através das aberturas no prato reservatório.
Em dispositivos de
malha vibratória passiva, a malha é anexada a transdutor e vibrações do cristal são transmitidas, forçando a solução através da malha para criar os aerossóis.
Todo nebulizador requer
manutenção
e
higiene constante, porém um maior cuidado deve ser dado aos nebulizadores de malha vibratória a fim de evitar o acúmulo de resíduos e bloqueio das aberturas do aparelho.
Quando essa terapia é indicada?
Atualmente, a terapia nebulizada é empregada para o tratamento de diversas doenças do trato respiratório. Também é importante lembrar que o tamanho da partícula gerada por cada aparelho pode impactar na decisão terapêutica.
Partículas de tamanhos
maiores tendem a se concentrar nas vias aéreas superiores e inferiores mais proximais, sendo mais indicadas para o manejo de
resfriados
e
traqueobronnquites.
Partículas de tamanhos
menores
passam pelas áreas superiores e inferiores, então, tende a ser mais indicadas para o manejo de doenças do
trato respiratório inferior ou do
parênquima pulmonar.
Dentre as aplicabilidades da terapia nebulizada mais comuns podemos citar:
- Auxílio na retirada de secreções das vias aéreas superiores em quadros de resfriados utilizando nebulização de soluções salinas fisiológicas ou hipertônicas;
- Auxílio na retirada de secreções das vias aéreas inferiores em quadros de traqueobronquite, bronquiectasias e fibrose cística através de nebulização de solução salina hipertônica e drogas mucolíticas;
- Terapia broncodilatadora e anti-inflamatória (corticosteroides) em pacientes com doenças de via aérea como asma, DPOC, bronquiolite e bronquiectasias;
- Terapia vasodilatadora pulmonar em pacientes com hipertensão arterial pulmonar (ex: prostaciclina inalatória);
- Tratamento de pacientes com proteinose alveolar através da nebulização de GM-CSF inalado.
Os exemplos acima sustentam a ampla utilização da terapia nebulizada na prática clínica e sua alta versatilidade em abranger diversos compartimentos do trato respiratório.
O conhecimento dos tipos de nebulizadores e suas características é fundamental para o adequado manejo dos pacientes e seus problemas pulmonares.
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