Câncer de pulmão: novidades do diagnóstico ao tratamento

Clínica CDRA • 11 de agosto de 2021

O termo “câncer” é um dos mais assustadores quando falamos em medicina, tanto pelo estigma associado, quanto pela gravidade da doença. Caracteriza-se por células que sofrem mutação, passam a se proliferar descontroladamente e, na sua fase final, se espalham pelo corpo.


O câncer mais frequente em homens é o de próstata e, entre as mulheres, o de mama. No entanto, o câncer de pulmão é o mais mortal
dentre todos.


Para se ter uma ideia, a mortalidade por câncer de pulmão equivale à
soma de mortalidade pelos cânceres de próstata e de mama.


Já abordamos alguns
mitos e verdades sobre essa doença e, nesse texto, vamos falar sobre avanços no diagnóstico e tratamento.

Diagnóstico

É muito provável que seu médico já tenha proposto exames para prevenir diversos tipos de câncer, como mama, próstata, colo de útero e intestino, mas, dificilmente ele solicitou a realização de exames para prevenir o câncer de pulmão.


Bem, antes de se aprofundar no tema, é necessário explicar que
“prevenir” não é o melhor termo para exames que procuram doenças. Na verdade, o que se faz é um rastreio para o diagnóstico precoce e, consequentemente, tratamento mais eficaz. E o rastreamento para outros cânceres é muito mais popular do que o rastreamento para o de pulmão, apesar de serem muito menos eficazes. 


Abaixo, temos alguns exemplos do número necessários de exames de rastreio para ser diagnosticado apenas um único paciente com câncer:


  • Mama: 500 mamografias;
  • Colo de útero: 1.100 Papanicolaus;
  • Pulmão: 320 tomografias de tórax.


O protocolo de rastreamento, através das tomografias de tórax anuais com baixa radiação, foi
atualizado em março de 2021, e devem ser solicitadas para os pacientes de risco, ou seja, aqueles que preencham os seguintes critérios:


  • Ter entre 50 e 80 anos;
  • Ser tabagista atual ou ter parado há menos de 15 anos;
  • Ter uma carga tabágica de pelo menos 20 maços-ano, que equivale a um maço por dia por 20 anos (acesse a calculadora aqui). 


Além do grande benefício de identificar o câncer precocemente, o rastreio se demonstrou capaz de diagnosticar diversas outras doenças comumente encontradas em fumantes, como
enfisema, bronquite crônica, e doenças do coração.


A
tomografia é apenas o primeiro passo no diagnóstico. O próximo é a biópsia, que pode ser realizada de diferentes formas e deve ser orientada pelo pneumologista ou cirurgião torácico


Após a
confirmação do câncer, é preciso avaliar quais os tipos de célula predominantes, o perfil genético do tumor e se ele se espalhou para outros órgãos. Depois dessa fase, chamada estadiamento, o  tratamento começa a ser planejado.

Tratamento

Há diversas formas de tratamento para o câncer de pulmão e houve avanços consideráveis em todas as modalidades. Cada categoria de tumor merece uma abordagem diferente, preferencialmente discutida entre os diversos profissionais envolvidos no cuidado ao paciente, como:


  • Pneumologistas;
  • Oncologistas;
  • Cirurgiões torácicos;
  • Radioterapeutas;
  • Radiologistas;
  • Patologistas.


Quanto maior o material de
biópsia coletado, mais testes podem ser feitos no espécime, com identificação de diversas características que personalizam o tratamento de acordo com o paciente. As terapias podem ser usadas de forma isolada ou combinadas entre si.


O tratamento de escolha para tumores iniciais é a
cirurgia, cada vez menos invasiva e mais eficaz. Leia o nosso artigo mais recente sobre cirurgia minimamente invasiva! 


A
radioterapia consiste na administração de radiação em altas doses para destruir as células cancerígenas. Atualmente, é realizada por equipamentos ultra-modernos, que conseguem concentrar o tratamento no tumor e poupar os órgãos que circundam a área doente.


O tratamento através de medicamentos é sempre prescrito por
oncologistas e é normalmente indicado para tumores mais avançados. 


Atualmente, há diversas categorias de terapias, em especial:

Quimioterapia citotóxica:

Utiliza os quimioterápicos clássicos e tem a maior frequência de efeitos colaterais. Vem sendo cada vez mais substituída pelos tratamentos abaixo.

Terapia com droga-alvo:

São medicamentos que bloqueiam as mutações genéticas responsáveis pela multiplicação desenfreada das células tumorais. Infelizmente, não está disponível para grande parte dos cânceres.

Imunoterápicos:

É o que há de mais novo em terapia medicamentosa para câncer de pulmão. São drogas que induzem o sistema imune do paciente a destruir as células tumorais de maneira mais eficaz.

Radioablação:

Essa é uma nova terapia, que consiste em colocar uma sonda dentro do tumor, através de um pequeno furo na pele e guiada por tomografia ou ultrassom. Através disso, ela consegue destruir as células malignas por meio do calor. É reservada para tumores pequenos em pacientes de alto risco. Ainda pouco usada em câncer pulmonar.

Observações finais

Através de diversas pesquisas e avanços tecnológicos, temos visto uma melhora da qualidade e sobrevida dos portadores de câncer de pulmão, assim como um controle mais adequado das complicações que podem advir do tratamento. 


Apesar disso, o câncer de pulmão continua sendo um sério problema de saúde pública, responsável por milhares de mortes anualmente em todo o mundo.  Por isso,
não basta melhorarmos o diagnóstico e tratamento sem investir pesadamente na real prevenção do câncer, através de políticas públicas capazes de coibir o tabagismo, reduzir a poluição e evitar a exposição a materiais cancerígenos.


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