Impacto da poluição atmosférica sobre a saúde respiratória

CDRA • 21 de outubro de 2024

A poluição atmosférica é um problema crescente que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com consequências significativas para a saúde respiratória. Este fenómeno ocorre quando substâncias nocivas, incluindo partículas finas (PM10 e PM2.5), gases tóxicos como dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogénio (NOx) e monóxido de carbono (CO), são lançadas na atmosfera. A exposição prolongada ou intensa a esses poluentes pode causar uma série de doenças respiratórias, agravar condições pré-existentes e, em casos mais graves, resultar em morte prematura.



Efeitos da poluição no sistema respiratório


O sistema respiratório é um dos mais vulneráveis à poluição atmosférica, devido à sua função de absorver oxigénio e eliminar dióxido de carbono. Durante este processo, os poluentes presentes no ar são inalados, podendo provocar danos significativos nos pulmões e nas vias respiratórias.


  1. Irritação das vias respiratórias: Uma das consequências imediatas da exposição à poluição é a irritação das vias aéreas. Partículas em suspensão e gases nocivos podem causar inflamação, levando ao aparecimento de sintomas como tosse, dificuldade em respirar, sensação de aperto no peito e irritação nos olhos e na garganta.
  2. Asma e bronquite: A poluição atmosférica é conhecida por desencadear ou agravar condições respiratórias crónicas como a asma e a bronquite. Nas cidades onde os níveis de poluição são mais elevados, verifica-se um aumento no número de crises asmáticas, especialmente entre crianças e idosos. A inalação de poluentes pode provocar o estreitamento das vias respiratórias, tornando a respiração mais difícil e dolorosa.
  3. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): A exposição prolongada a altos níveis de poluição pode levar ao desenvolvimento de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), uma condição que envolve a obstrução persistente das vias respiratórias e uma redução na capacidade pulmonar. A DPOC é uma doença irreversível e progressiva que pode causar uma significativa diminuição da qualidade de vida. A DPOC é mais comumente associada a exposição ao tabagismo e a exposição a níveis elevados de poluição atmosférica pode ser um fator desencadeante de crises e exacerbações da doença de base. 
  4. Câncer do pulmão: Estudos demonstram que a exposição a certos poluentes, especialmente partículas finas (PM2.5) e substâncias químicas como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), está associada a um aumento do risco de câncer do pulmão. Os poluentes podem causar danos no DNA das células pulmonares, levando ao desenvolvimento de tumores malignos.


Grupos mais vulneráveis


Embora todos possam ser afetados pela poluição atmosférica, certos grupos da população estão mais suscetíveis a sofrer de problemas respiratórios graves.


  • Crianças: O sistema respiratório das crianças está em desenvolvimento, o que as torna particularmente vulneráveis aos efeitos da poluição. Além disso, como respiram mais rapidamente do que os adultos, acabam por inalar maiores quantidades de poluentes. Em áreas com elevados níveis de poluição, é comum observar-se um aumento na incidência de doenças respiratórias entre crianças.
  • Idosos: O envelhecimento afeta a capacidade respiratória, tornando os idosos mais suscetíveis aos efeitos negativos da poluição. Condições pré-existentes, como doenças cardíacas ou pulmonares, podem agravar-se com a exposição prolongada a ar poluído, levando a hospitalizações e a um aumento da mortalidade.
  • Indivíduos com condições respiratórias pré-existentes: Pessoas que sofrem de doenças respiratórias, como asma, bronquite crónica ou enfisema, são especialmente vulneráveis aos efeitos da poluição. Para estes indivíduos, a exposição a ar poluído pode provocar uma rápida deterioração da sua saúde e agravar os sintomas da doença.


Consequências a longo prazo


Os efeitos da poluição atmosférica na saúde respiratória vão além dos sintomas imediatos. A exposição contínua a níveis elevados de poluição está associada a uma diminuição da função pulmonar ao longo do tempo. Estudos indicam que as pessoas que vivem em áreas com altos índices de poluição têm uma maior probabilidade de desenvolver doenças respiratórias crónicas e uma expectativa de vida reduzida.


Além disso, a poluição atmosférica pode agravar doenças cardiovasculares, uma vez que os poluentes inalados podem entrar na corrente sanguínea e causar inflamação sistémica. Esta inflamação pode, por sua vez, aumentar o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e outros problemas de saúde graves.


Continue acompanhando o nosso
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Por:
Dr Rodrigo Athanazio

Responsável Técnico:
Dr. Rodrigo Abensur Athanazio

CRM 122658 | RQE 42009 e 42010

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